Mãe, igual e diferente

Tem bicho mais estranho do que mãe? Mãe é alma contraditória, é alegria no choro. É carinho na raiva. É o sim no não.

Só mãe mesmo pra ser o oposto e depois o contrário de novo. Vai ver que é porque filho não vem com manual de instrução e pra conduzir as crias no mundo, ela usa só de intuição, pra tentar fazer tudo direito. Mas como pode ser assim, tão incoerente?

Ela diz “filho, você não come nada”… E logo se contradiz com “para de comer, que eu tô botando o jantar”!

E aí ela lamenta… “Ai, que eu não vejo a hora desse menino crescer”! Mas logo se arrepende: “deixa que eu faço, você ainda é uma criança”…

E quando ela manda: “tira essa roupa quente, menina”! E logo em seguida: “veste o casaco, quer pegar um resfriado”?

Pois é, gente, que pessoa é essa que jura que nunca mais e no momento seguinte promete que vai ser pra sempre?

Essa pessoa é assim mesmo: igual e diferente de tudo o que a gente já viu. É a fortaleza que aguenta o tranco, só pra não ver o filho chorar. É o sorriso de orgulho escondido, só pra não se revelar.

Mãe dá uma canseira na gente. E às vezes tira do sério…

Até que um dia a gente se depara com uma ausência insuportável: é a mãe que vai embora, deixando um vazio enorme, escuro, silencioso. E aí descobre que, mesmo errando, ela sabia de tudo, desde o início. E fez de tudo pra acertar, porque criar filho não tem regra, é doação e amor, simplesmente.

Então, se você tiver privilégio de abraçar sua mãe nesse segundo domingo de maio, agradeça, porque o presente é seu. E esteja certo: mesmo sem manual de instrução, ela continua aí, atrapalhada, contraditória, mas com o olhar atento, querendo entender como você funciona. E fazendo de tudo pra você não falhar.

Comentários