Hoje, se comemora o Dia do Geógrafo no Brasil desde 1934, e neste ano, homenageio este profissional com algumas provocações, pois estas são sempre necessárias para refletirmos sobre o nosso papel social. Na construção histórica de nossa ciência, tivemos vários embates políticos à nível global, nacional, regional e local acerca do compromisso profissional da geografia no envolvimento das questões sociais. Para tanto, tivemos que romper com seu tradicionalismo e suas práticas pedagógicas caquéticas. O prestígio da nossa profissão passou então a ser reconhecido pelo seu conteúdo crítico e questionador da realidade. A constante renovação de seus fundamentos epistêmicos é primordial, mas também não é suficiente, pois não basta analisar, diagnosticar, mensurar, verificar, detectar, registrar, cartografar.
É preciso intervir, participar, fazer parte. Isto é possível através da participação de assembleias comunitárias, audiências públicas, assessorias técnicas, assinatura de abaixo-assinados, manifestações políticas e culturais, passeatas, greves, divulgação das informações omitidas pela mídia, etc. Para a realização destas ações, entretanto, faltam cada vez mais adeptos e apoiadores. Sem contar, que muitos que estão politicamente engajados, são muitas vezes, perseguidos por professores ou colegas de profissão que veem nisso um confronto as estruturas políticas que lhes podem ser favoráveis. As práticas subversivas que se contrapõem a isso vão além dos muros da universidade e não se limitam ao universo acadêmico, pois estão comprometidas com a luta de uma sociedade mais justa e emancipatória. Portanto, convoco os profissionais, pesquisadores e estudantes de geografia a se fazerem presentes nas lutas travadas pelos movimentos populares e fortalecê-las com nosso apoio, pois não podemos ser indiferentes e muito menos agirmos como se tivéssemos fazendo atos filantrópicos e benevolentes. E no momento, não faltam oportunidades para isso.