É, meu velho Capitão… Vejo você ai recostado
Olhando o mar, o infinito profundo.
Nas rugas de seu rosto cansado delineado o traçado
das rotas navegadas… Vivências e experiências passadas.
Mãos calejadas, marcadas pela condução da embarcação.
Brancos cabelos como espumas do mar
É Pai, meu velho Capitão… Quantas coisas a recordar.
Quantas lembranças, quantos ensinamentos.
Alegrias, desentendimentos, presenças e ausências.
Imagens… Aparências. E, apesar de sermos diferentes aqui
ou ali . É bom saber que juntos caminhamos vendo, ouvindo…
como amigos sentindo.
Recordações de menino que um dia foi.
Brincadeiras, colegas de escola, tempo passado
Dos estudos, das dificuldades e das “artes”.
A adolescência, os namoros. Cinema… o beijo furtivamente
roubado. É Pai, meu velho Capitão… Como é grande a sua
missão. Bússola e sextante a nos guiar… Alertar, ensinar, amparar, proteger, repreender. Archote na terra, no céu e
no mar.
Porto seguro, mastro mestre da família.
Ao casar-se, de ser só filho deixou a ser pai, também passou.
Trabalhou duro, suou, sofreu, criou fortunas que não são suas,
Carros que jamais dirigiu, sonhos que nunca viveu, anseios
que sufocou…
É Pai, meu velho Capitão… Como é grande a sua missão, e por
vezes nem dei conta da carga… Mas lá em cima está tudo
contabilizado. Sabe Pai, não é fácil falar de você, resta-me apenas
te abraçar e olhando nos seus olhos, dizer-te de coração:
Muito obrigado Pai, meu querido amigo, meu velho Capitão!