Um ancião entoava de alegria, a margem do caminho, e cantava um hino de louvor a vida.
Um passante pessimista, magoado com tanto júbilo, indagou-lhe agressivo:
– Por que tal felicidade? Será porque a morte já te espreita?
– Não é por isso, mas por outros três motivos, respondeu o idoso. Primeiro, porque num universo onde a vida entoa, só o homem pensa e eu sou um homem. Segundo, porque a dúvida que a tantos atormenta, não encontra agasalho em mim: sou um homem de fé. E, por fim, porque todos sabemos que o corpo é de breve duração e eu sou um homem que tem vivido muito. A morte, que a todos espreita em todas as idades, ainda não se recordou de mim. Quando, porém, chegar, será muito bem recebida. Tenho ou não tenho razão para ser feliz?