A maternidade pegou-me de surpresa. Um dia eu era uma mulher solteira vivendo na praia com uma carreira de dez anos como aeromoça, e de repente, esposa e mãe de quatro filhos.
Encontrei e casei com meu marido em poucos meses. Tinha ido visitar minha avó no hospital e fui apresentada a seu médico, meu esposo.
Ele tinha dois filhos em seu primeiro casamento. Seus filhos tinham nove e dez quando sua mãe os colocou em um avião e os “despachou” para a nossa casa. Haviam oito anos desde a separação e muito pouco contato houve entre eles. Ironicamente, logo que casei, eu engravidei. Um dia depois que os filhos de meu marido chegaram para morar conosco, nosso filho nascia (um mês antes da hora). Três crianças em dois dias! Dois anos mais tarde, nascia nosso segundo filho.
Me lembro de algumas vezes que ficava deprimida, dizendo a mim mesma, repetidamente,
– Um dia eles agradecerão.
Não tenho muitas lembranças daqueles anos tumultuados. Havia muito trabalho de motorista, levando e trazendo de jogos, muitas vezes levantar às três da manhã pra levar ao treino de hóquei às cinco, os jantares, reuniões de pais…
Lembro-me de testemunhar as dores de dois jovens rapazes crescendo e entrando na adolescência. Seu pai freqüentemente estava longe, sua mãe biológica estava completamente fora do quadro, seus dois meio-irmãos sentindo-se como um tormento para eles, e sua madrasta nunca parecia ser capaz de atender suas necessidades. Ainda assim, eu sabia dentro do meu coração que um dia eles reveriam seus sentimentos e saberiam que eu os amei tanto quanto aos meus filhos e que fiz o melhor que pude.
Quando o mais velho formou-se no segundo grau, sua mãe biológica decidiu finalmente fazer uma visita. Na cerimônia de formatura, meu marido e sua “ex” ficaram juntos observando com orgulho quando “seu” filho recebeu o diploma. Meu o outro enteado permaneceu ao meu lado.
Mantive-me à uma leve distância com nossos dois filhos. O diretor da escola fez um discurso que incluiu o tema “dê uma rosa à pessoa mais significativa de sua vida.”
Cada formando segurava em suas mãos uma rosa vermelha. Após receber seus diplomas, cada aluno caminhava até a pessoa e os passava sua rosa.
Até hoje, nunca me esqueci, o que senti segurando
aquela rosa em minhas mãos.