Aceitar as pessoas

Ouvi dois amigos conversando e um deles se queixava da incompreensão das pessoas, das agressões verbais, dos desentendimentos. Isto o revoltava e ele dizia invejar a serenidade e o equilíbrio do interlocutor.

– Qual é o segredo? perguntou.

– Não existe segredo, mas somente paixão pela vida e esforços contínuos para aprender, respondeu o outro.

– Aprender o que?

– A aceitar as pessoas, mesmo que ela nos desapontem, quando não aceitam os ideais que escolhemos. Quando nos agridem e nos ferem com palavras e atitudes impensadas.

– Mas é muito difícil aceitar pessoas assim.

– É verdade. É difícil aceitá-las como elas são e não como gostaríamos que elas fossem. Mas qual é o nosso direito de mudá-las?

– E como você consegue?

– Estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a escutar, mas não apenas com os ouvidos, também com os olhos, com o coração, com a alma, com todos os sentidos. Muitas vezes as pessoas não falam com palavras, mas com a postura. Fique atento para os que falam com os ombros caídos, os olhos e as mãos irrequietas.

Assim como você pode ler as entrelinhas de um texto, pode ouvir coisas entre as frases de uma conversa corriqueira, banal, que somente o coração pode ouvir. Não raro, há angústia e desespero disfarçados, insegurança escondida em palavras ásperas, solidão fantasiada na tagarelice. Aos poucos estou aprendendo a amar, e amando estou aprendendo a perdoar. Perdoando, apago as mágoas e curo as feridas, sem deixar cicatrizes nos corações magoados e tristes. Aprendo com a vida o valor de cada vida e procuro entender os rejeitados, os incompreendidos. Nem sempre consigo, mas estou tentando.

Quanto a nós, vamos tentar construir a paz, sem desânimo, com muito amor, muito amor no coração.

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