O amor

O amor não lembra do que precisa.

Amor é não precisar de nada.

É precisar do que acontece depois do nada, ainda que não aconteça.

O amor confunde para se chegar ao mistério.

Embaralha para não se ouvir.

Perde-se no próprio amor a capacidade de amar.

Amor é comer a fruta do chão.

O chão da fruta.

O amor queima os papéis, os compromissos, os telefones onde havia nomes.

O amor não se demora em versos, se demora no assobio do que poderia ser um verso.

O amor é uma amizade que não foi compreendida, uma lealdade que foi quebrada.

O amor é um desencontro por dentro.

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