Temos em nossa fauna um pássaro especial. É o tié-sangue.
É avistado próximo às restingas, capoeiras e beiras de mata do litoral do Brasil. Suas asas são vermelhas como o sangue, por isso ganhou esse nome. Possui a cauda negra e uma linda mancha branca no bico.
As lindas cores do tié-sangue atraem os criadores, mas é impossível apreciar sua beleza em cativeiro, visto que ele fica com uma cor pálida, alaranjada, desbotada. Pois, entre a variedade dos frutos de que o passarinho se alimenta, há alguns que contém um pigmento de nome astaxantina, que mantêm sua coloração. A beleza do tiê está na proporção de sua liberdade. Quanto mais livre, mais belo. Nesse aspecto, o ser humano se parece muito com o tiê. Precisa estar livre para ser belo, para ser feliz. Precisa alçar vôos com o pensamento, nutrir-se de ideias e sentimentos, relacionar-se com os outros e com o cosmos. Necessita conhecer as verdades do universo, bem como as que estão em sua intimidade espiritual.
O jovem, em especial, que tem tanta sede de liberdade, muitas vezes se deixa aprisionar pelos vícios de variada ordem, enfraquecendo e tornando-se pálida sombra que caminha a passos largos para a derrota. Jovens que deveriam mostrar suas cores e virtudes individuais, deixam-se levar pela falsa necessidade de se confundir com o grupo, caindo no cativeiro infeliz forjado pelas mídias e pela opinião dos outros. Quem se deixa conduzir pelos modismos, pelas idéias medíocres que tentam fazer do jovem um ser sem vontade própria, é como um pássaro que empalidece, desbota, muda de cor, perde o brilho. Mas os efeitos desse tipo de cativeiro não são apenas na aparência externa.
O prisioneiro dos vícios perde a alegria de viver, perde a saúde, perde a esperança. E o jovem, tal qual o tiê-sangue, precisa voar alto, mas com a mente arejada pelas ideias saudáveis da confiança no Criador do universo, nas leis soberanas que regem a vida. Jesus afirmou: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Na verdade divina reside a plena libertação. E como sabemos que as leis divinas estão em nós, esculpidas em nossa consciência, podemos, em esforço próprio, começar a buscar a compreensão delas nos autoanalisando, nos auto-conhecendo.
Compreendendo os desígnios divinos que nos convidam à melhor ação saberemos como interagir com a realidade que nos rodeia. Confrontando nosso cotidiano com as leis da vida transformaremos nosso modo de ser e de agir, influenciando, positivamente, o meio em que vivemos. Jovem, conhece-te a ti mesmo e voa no rumo da tua própria liberdade. Voa sem peias, alimentando-te de nobres sentimentos, de experiências saudáveis, de práticas caridosas, a fim de manter tua cor bela e atrativa, não te deixando aprisionar pela ignorância, que te faria empalidecer ou desbotar.
Sê como o tiê-sangue, livre e belo, nas andanças das múltiplas existências. Mas não esqueças da responsabilidade necessária para que, verdadeiramente, se instaure a liberdade em tua vida. E lembra-te sempre de que a tua beleza está na proporção da tua real liberdade. Quanto mais livre, mais belo.