Enquanto eu cantava para meu recém-nascido, contemplei minha decisão. O som acalmou nós dois.
Quando penso sobre Patrick, meu primeiro filho, me lembro de como foram difíceis aqueles primeiros meses. Ele sempre foi muito inquieto e para acalmá-lo eu cantava uma rima ou duas.
O primeiro choro de Patrick foi em agosto passado e era o primeiro dia de aula para meus alunos. Perdi os rostos alegres das crianças e o aroma de uma sala de aula que ficou fechada durante as férias. Eu teria feito a escolha certa? Deveria continuar dando aulas depois de ter o bebê? Perderia contato com meus colegas da escola?
Em que conflito interno me meti! Eu sabia que meu jovem bebê amadureceria, transformando se de um bebê em um menininho e era algo que eu não queria perder.
No passado, nas manhãs de neve, eu estaria raspando o para-brisa antes de ir trabalhar. Agora estava aconchegando meus filhos sob cobertores quentes e observando a neve caindo. Uma tarde no museu ou uma visita à biblioteca, ou um passeio ao redor do quarteirão eram muito especiais para nós. Enquanto meu pensamento estava nas atividades de mãe-criança, eu também achava tempo para costurar e para ler, luxos praticamente inexistente anteriormente. Me alegrei bastante fazendo uma roupa de abóbora para Patrick no Halloween e o senti orgulhoso por sua meia de Natal, com lantejoulas que me deram muito trabalho para aplicar, pendurada sobre a lareira.
Infelizmente, nós – mães em casa – somos frequentemente mal entendidas. Sou questionada:
– Por quê você está desperdiçando sua vida e carreira permanecendo em casa?
Minha resposta é simples:
– Eu sempre posso voltar a ensinar, mas esses dias maravilhosos de maternidade não voltam
É triste ver que na sociedade, o trabalho mais importante do mundo tenha que ser defendido. Já se passaram seis anos desde que tomei esta decisão. É muito especial ver mais dois pares de meias sobre a lareira (sim, com lantejoulas, também!) e a galeria de roupas que criei desde aquele primeiro outubro.
Passava perto do quarto de meus filhos ontem à noite e escutei Anthony e seus cachorrinhos imaginários e Dominic chorando para chamar a atenção. Comecei a entrar no quarto para confortar o pequeno, e fui agradavelmente surpreendida ao ver meu filho mais velho cantando as mesmas rimas que eu cantava tentando acalmar seu pequeno irmão.
Me recostei contra a porta e a canção encheu o meu coração. Então percebi que eu jamais tinha deixado de ensinar!