Um monge muito sábio estava visitando um vilarejo com seus discípulos.
Na praça principal ele teve a oportunidade de falar publicamente.
Todos ouviam o sábio atentamente até que um homem começou a agredi-lo verbalmente,
atingindo sua honra pessoal, xingando-o com palavras desagradáveis e duras. O sábio nada disse e os discípulos ficaram inquietos.
O ofensor continuou, desta vez com mais veemência, ofendendo não só a honra do monge, mas a de todos os seus discípulos também.
Por isso mesmo, uma resposta parecia mais necessária. Mas o monge não disse nada.
Numa estocada final, o homem ofendeu todos os antepassados do sábio, a coisa mais desonrosa e agressiva que alguém pode proferir. Mas o monge não respondeu absolutamente nada. Apenas caminhou para longe, seguido por seus discípulos intrigados.
Já afastados da praça, os discípulos resolveram indagá-lo.
– Mestre, nós acompanhamos toda a injustiça que o senhor sofreu e não entendemos por que o senhor,
tão sábio não respondeu nada ao seu ofensor.
– Isso mesmo, mestre disse outro discípulo ele ofendeu todos os seus antepassados e o senhor nada respondeu!
Por que, mestre? Será que podemos ao menos tirar um ensinamento desse momento tão ruim?
E o mestre respondeu:
– Se eu oferecer a você um presente ruim, um rato morto e infestado de peste, você o aceita?
– Claro que não, mestre! responderam todos em uníssono.
– Então, se um homem me oferece o mal, seja materialmente ou com palavras e eu não o aceito, quem vai embora com ele?
E assim, o mestre e seus discípulos seguiram seu caminho.