Consciência Negra

Minha pele de estrelas e luar foi
Bordada pelas mãos dos atabaques
Quando delicadeza beijou o mar.
Olho para trás e uma vez mais beijo
As mãos dos meus antepassados,
Todos abençoados pelos ritos,
Pelos mitos, pela dor que o vento
Espalhou na cor que trago em mim
Como lembrança e prazer de lembrar
Quem fui e sou.
Sento no colo de meu avô e todas as vozes
Da África gritam em minhas veias.
Abraço minha mãe e estou nos braços
das sereias.
Essa sou eu e assumo a beleza de meus
Cabelos negros e de minha pele que guarda
Todos os mistérios dos orixás.
E se sonho, estou lá, deitada no colo de minha
Mãe Yemanjá.
E se choro, choro pelo amanhã, mas bato o pé
E chamo Iansã.
E se me enfeito, sou de Oxum e sou de todos
Os lugares e de lugar nenhum.
E se canto, chamo por Nanã na cantiga de ninar
Que me faz encantada e guardiã.
Sim, sinhôzinho, essa sou, ajoelhada, marcada
Pelo passado que não passou.
Olha bem pra mim e ao redor. Somos
Muitos, somos tantos numa voz só.
Sou o povo brasileiro, sou a África e
A sua continuação nesta bandeira
Verde e amarela que trago no coração.

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