Pai, desde que fui semeado aqui, minha vida não tem sido ruim. No começo eu fui tomando forma, fui crescendo, crescendo e, agora, eu já pareço uma cópia (meio achatadinha) de você.
Quero te avisar que na hora em que eu sair, vou abrir um berreiro daqueles, tá? Afinal, vou dar de cara com um baita espaço e muita gente estranha em volta de mim!
No começo vou dar um pouquinho de trabalho, viu? Até eu me habituar, muitas vezes vou acordá-lo por causa de dorzinhas de barriga, de ouvido, resfriadinhos e aquelas coisas próprias de gente muito pequena.
Ah! …não fique com ciúme da mãe, viu? Por algum tempo ela deixará você meio em segundo plano, pois estará por demais ocupada com a grande novidade chamada eu. Isso não quer dizer que o amor dela por você terá diminuído.
Na continuação, tudo irá se ajeitando, o amor que teremos um pelo outro aumentará cada vez mais e, um belo dia, você se verá encomendando uma correntinha com um pingente de ouro incrustado com meu primeiro dente de leite. Isso sem falar nas minhas botinhas, que você levará penduradas no espelho retrovisor do carro!
Mais adiante irei para a escola, nos finais de semana brincaremos juntos e, finalmente, um dia estarei crescido, talvez do seu tamanho ou até maior.
Lembrarei com saudade dos maravilhosos momentos que teremos passado juntos e, em todos os meus aniversários, eu te darei mais um daqueles emocionados abraços.
Estou chegando, pai!