Victor Heringer (1988-2018) foi um escritor brasileiro. Formado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, escreveu obras como Automatógrafo, Glória – que lhe rendeu o Prêmio Jabuti – e O amor dos homens avulsos. Conheça algumas frases de Victor Heringer e anime-se para conhecer mais sobre as obras e pensamentos do jovem escritor. E lembre de compartilhar suas favoritas!
O que muda é o amor, mas o amor não muda.
Embora o meu amor esteja solto no mundo violento, semicego e ferido no ombro, não sou poeta.
Cada história se faz por meio de sua poética, porque existem, é claro, infinitas maneiras de se contar uma mesma coisa.
Os escritores devem sofrer a história, não tentar fazê-la.
Eu, que antes buscava a saída pela ironia distanciada, pela teoria seca ou pela indignação paralisante, resolvi que a ternura pode ter uma potência também.
Eu sou um escritor promíscuo e toda linguagem me interessa.
Trará consigo, numa maleta, cicatrizes de vários tamanhos.
Os homens se deslocam pela terra, os melhores de sua geração se perderam no caminhão da mudança.
O primeiro amor é o único. Os anos, o sexo e as pequenas construções (filho, casa própria, poupança) fazem aceitar mais fácil as cópias desbotadas que a gente diz amar ao longo da vida, mas até a nossa cova aberta, esperando, fala daquela ausência.
O primeiro amor só pode ser primeiro amor porque existe um segundo, claro.
O Rio é como o carnaval, se prepara o ano inteiro para ver o que acontece. Depois, as alegorias mudam e se recomeça tudo de novo.
Logo a gente chega a ser homem e acaba com as coisas de menino. A vida afunila.
Cachorro se apega fácil. Não dei comida para ele, não fiz carinho nas orelhas nem nada. Ele ficou ali do meu lado, de guarda. Deve ter achado que eu era mendigo.
Seja museólogo, seja herói!
O mundo, profissional acostumado à violência, é covarde, mas não destrói de uma só vez. Vai matando aos poucos, soco a soco, rasteira a rasteira, cicatriz a cicatriz.
Tenho andado esperando, nuvem parada, sabe como? Crianças apontam, tentam descobrir se sou carneiro, cachorro, cabeça de dragão.
Pouco a pouco, vou me diluindo nos livros que escrevo. No futuro, assim espero, poderei enfim ser ninguém em paz.
Escrever é uma reação um tanto patética contra o desaparecimento inevitável de tudo que existe.
No jornal dizem que os cientistas brincaram demais com os relógios, e agora ninguém sabe mais a hora.
Para vencer por mérito, por nocaute e não por cansaço, o mundo teria que preparar um golpe tão monstruoso que seria preciso abrir a própria guarda.
As questões surgem durante a escrita, e muitas delas me pegam pelo tornozelo.
O mundo não é de baixar a guarda; só gosta de hematomas nos outros.
Embora eu me aventure além das fronteiras do livro, no fim tudo retorna a ele.
Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira coisa a aparecer no mundo, antes mesmo dos vulcões e dos cachalotes, antes de Portugal invadir, antes de o Getúlio Vargas mandar construir casas populares.
As pessoas desaparecem fácil.
A leitura é, além de um ótimo exercício para o cérebro, uma das melhores formas de ser obter conhecimentos e descobrir novas paixões. Confira frases poéticas e continue sendo inspirado por belas palavras!