Um grupo de rapazes e moças resolve fazer uma viagem turística rumo à cálida Flórida, deixando a região fumarenta de Nova Iorque. Meteram-se no ônibus, sempre muito alegres e extrovertidos.
Todavia, no ônibus viajava um cidadão sempre macambúzio e voltado para dentro de si próprio. Esquivo, não aceitava abrir conversa com ninguém. Não só calado, mas profundamente triste, contrastando com a alacridade juvenil do ambiente. Mordiscava os próprios lábios e parecia em cogitações estranhas.
Uma jovem do grupo, no entanto, conseguiu se aproximar dele e teve ensejo de formular lhe algumas perguntas que todos desejariam fazer, sem que tivessem coragem.
_ Qual é o seu nome?
_ Vingo.
_ Que nome interessante. Você é casado?
_ Não sei se sou casado.
_ E como pode ser isto?
_ Estou saindo de uma penitenciária. Da prisão, escrevi para a minha mulher dizendo que estaria ausente muito tempo e que, se ela não aguentasse, se os nossos filhos começassem a fazer perguntas e isto lhe fosse muito doloroso, me esquecesse. Eu compreenderia. “Arranje outro homem e não precisa escrever mais”, disse à ela. E, de fato, ela nunca mais me escreveu.
_ E você está voltando para casa?
_ Isso mesmo. Quando, na semana passada, me concederam livramento condicional, escrevi à minha mulher de novo. Existe, na entrada da cidade onde morávamos, um grande carvalho. Se ela ainda me quisesse de volta, deveria amarrar um lenço verde à árvore. Se, pelo contrário, não me desejasse mais, não amarrasse lenço algum.
_ Meu Deus! – exclamou a jovem, comovida.
As moças e os rapazes ficaram todos sabendo da estória. O ônibus começou a se aproximar da cidade. Todos olhavam pela janela. Por fim, surgiu o frondoso carvalho. Vingo parecia petrificado.
De repente, levantou-se e os seus olhos brilharam.
O carvalho parecia uma árvore de Natal. Havia nele 20 ou 30 lenços verdes. Era uma mensagem extraordinária de boas vindas. Moças e rapazes se puseram a gritar, chorar e dançar dentro do ônibus.
E Vingo desceu e foi ao encontro do amor e da vida.