O dia perfeito

Era um dia perfeito, o tipo do dia ideal para pescar. Meu filho Jonathan de 13 anos e eu tínhamos planejado a viagem por semanas e lá estávamos sentados na margem do belo lago.

Olhando através do espelho na água podíamos ver as montanhas próximas e suas florestas de pinhos verdes. Podíamos ouvir as aves e observar grandes grupos de gansos.

Pescávamos e conversávamos, quando percebi minha isca afundar. Esperei, pensando que pularia de volta para cima, mas a isca permaneceu embaixo da água e meu coração começou a bater mais forte. Depois de alguns segundos, minha vara quase foi arrancada de mim. Quando dei uma estocada, eu soube que tinha apanhado um “monstro”! Usei toda a minha técnica para trazer aquela que talvez fosse a maior truta que eu já tinha fisgado. Minhas esperanças se confirmaram quando o magnífico peixe deu um salto para fora da água.

Vivendo o sonho de todo pescador, pedi à Jonathan para pegar a rede e descer até um banco de rochas na água. Enquanto Jonathan avançava lentamente, eu fazia tudo que podia para não perder o peixe. Lentamente, conduzi a truta em direção aonde Jonathan esperava. O peixe era enorme! Devia pesar uns três quilos!

Lentamente, meu filho se equilibrou em duas pedras e inclinou-se para capturar o gigante com sua rede. Por um segundo, ele perdeu o equilíbrio e na tentativa de se firmar, acabou agarrando a linha de pesca e imediatamente retirou a flexibilidade e elasticidade fornecida pela ponta da vara. E exatamente neste segundo, nossa truta enorme estalou seu corpo, rompeu a linha de pesca com o movimento e lentamente começou a nadar para longe. Quando Jonathan viu que o peixe escapava, ele tentou
se inclinar com a rede tão rapidamente quanto podia, mas era tarde demais. Com tristeza nós observamos nosso troféu nadar para longe na água
fria e profunda.

Já fisguei e perdi muitos peixes em minha vida, mas nunca tinha sido um
como aquele. Minha mente estava cheia de pensamentos como “Jonathan você não sabe fazer melhor do que isso? Como pode ter feito isto comigo? Nunca mais teremos um peixe como este!”

Meus olhos estavam fixos em Jonathan enquanto ele subia de volta, ombros caídos, cabeça baixa. Enquanto eu o observava se aproximar, minha mente repentinamente ficou ocupada com um e apenas um pensamento, “É melhor você ter cuidado pai. Você pode magoar seu filho!”

Foi com este pensamento na cabeça que eu percebi os olhos cheios de lágrimas, quando Jonathan parou na minha frente e disse,
– Pai, eu sinto muito. Eu não tive capacidade para fazer direito.

Repentinamente me ficou claro o que eu deveria fazer. Levantei, coloquei minhas mãos em seus ombros e o abracei. As palavras saíram de minha boca quase sem pensar,
– Jonathan, como você se sentiu enquanto eu lutava com aquele peixe? Estava animado?
– Pai, eu nunca fiquei tão excitado em minha vida!

Eu respondi,
– Jonathan, isto não foi a coisa mais divertida que já fizemos juntos?

Ele balançou a cabeça em acordo. Então eu disse,
– Então por que devemos deixar que a fuga de um peixe destrua o que talvez seja a melhor experiência que já tivemos? Então temos é que estar felizes pelo divertimento que tivemos, certo Jonathan!

Meu filho me olhou, me abraçou e disse,
– Pai, eu te amo tanto!

Suavemente eu disse em sua orelha,
– Eu também te amo, Jonathan. Também te Amo.

Nós não pegamos aquele grande peixe. Mas compreendi desde então que eu não deixei escapar a coisa mais importante naquele dia. Eu eternamente serei grato por ter dado ouvidos à voz que me orientou a aproveitar o melhor da viagem ao invés de chorar por coisas pequenas. Naquele dia de outubro, uma truta partiu numa viagem que para sempre fortaleceu o relacionamento entre um pai e seu filho.
Foi um dia perfeito.

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