– O verão somente começou e já falam em outono, disse-me o velho homem.
– Por quê apressamos tanto a vida? Perguntei.
– Porque nós sempre queremos estar em outro lugar. – ele disse. – Em algum lugar adiante no tempo, onde pensamos que as coisas estarão melhores do que estão agora.
– Nós nunca vivemos no aqui e agora. Vivemos sempre no futuro. Adicionei.
– Alguns vivem no passado. Veja, pensavam que hoje seria melhor. E não é. Derrotados agora por sonhos desfeitos, eles não vislumbram nenhum futuro, odeiam o presente e acreditam que o que eles tiveram há anos era o melhor que poderiam ter, ele disse.
Olhando para aquele homem, você pensaria que ele nunca deixaria o passado. Vestia uma camisa de algodão, branca e mangas longas, suspensório vermelho e sim, um chapéu de palha com uma faixa azul ao redor dele. Seu cabelo branco, longo o suficiente para formar uma onda sobre as orelhas.
– E você, onde você está hoje? ele perguntou.
– Bem aqui, estou aqui mesmo falando com você e aproveitando cada minuto disto.
Ele sorriu.
– Mas admitirei que há vezes em que o “estar aqui” não é suficientemente bom. Acho que flutuo de um lado a outro. Tive grandes momentos no passado que me trouxeram para o presente alguns desafios, esperanças e sonhos que fazem me achar perdido em pensamentos sobre o amanhã, contei para ele.
– Alguém certa vez me contou que é bom reviver o ontem, apenas não se deve ficar parado aí. – disse com uma risadinha. – O melhor lugar para se estar é aqui.
– E você? Onde está hoje? Perguntei.
Fomos interrompidos pelo som doce de uma menina se aproximando.
– Vovô! Vovô!
Levantou-se e gritou
– Aqui, meu amor! Esta é minha neta. Hoje, agora, não pensarei no ontem, nem vou sonhar com o amanhã. Hoje é sexta-feira e nós temos nosso piquenique no parque.
Fiquei sentado ali por mais um longo momento observando-os descer até o lago, cesta de piquenique em mãos.
Ele estava certo. O melhor lugar para estar era aqui. Mas estranhamente, eu podia ver o todo. Havia o passado, o presente e o futuro bem ali diante dos meus olhos.
E você, onde está hoje? Por quê não num “piquenique no parque”?