A melhor opção

Não somos a única fonte de felicidade de uma pessoa. Ela foi feliz antes de nos conhecer e será também depois. Esta noção salva casamentos, elimina restrições e chantagens, acentua o livre-arbítrio, valoriza a relação. Não é que ela está comigo porque não consegue ser feliz longe, é que, mesmo podendo ser feliz longe, ainda é mais feliz comigo. Somos a melhor opção, não a única. Somos a companhia predileta, não a que restou. O certo é se enxergar o destino de uma alegria, em vez de sua viciada origem. No momento em que condicionamos o bem-estar, prosperamos o pânico. Funda-se a convivência pelo medo de perder o que se tem, jamais pela confiança de ter sido escolhido e eleito todo dia. Não podemos sequestrar a felicidade do outro no casamento ou no namoro, como se fosse nossa, como se só dependesse de nossa proximidade, vinculando a alegria ao egoísmo dos laços. Maturidade é ser indispensável justamente por deixar a porta aberta.

Fabrício Carpinejar

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