O dia começou daquele jeito!
Dormiu mais do que devia e chegou atrasada no trabalho. Tudo o que aconteceu no escritório contribuiu para deixá-la mais nervosa. No final do dia foi ao ponto de ônibus para voltar para casa, em seu estômago um grande nó.
Como sempre, o ônibus chegou atrasado e lotado. Teve que ficar em pé pelo corredor. O balanço do ônibus a jogava em todas as direções e sua amargura aumentou ainda mais.
Então ouviu uma voz vinda lá da frente
– Dia bonito, não é?
Por causa da multidão, não podia ver o homem, mas o ouviu enquanto ele continuava a comentar o cenário primaveril, chamando a atenção a cada marco que se aproximava. Esta igreja. Esse parque. Este cemitério. O corpo de bombeiros. Logo todos os passageiros estavam olhando através das janelas. O entusiasmo do homem era tão contagiante que ela encontrou-se sorrindo pela primeira vez naquele dia.
Chegou ao ponto onde desceria. Se moveu até a porta, e deu uma olhada para o seu “guia”: um velho senhor com barbas, usando desgastados óculos escuros e carregando uma fina bengala branca.