Sinto o frio gélido da noite
Nada me aquece, sinto frio
O vento que sopra é como açoite
Meu corpo treme em calafrios
Passas por mim e me ignoras
Com teu agasalho de algodão
Será que não percebes agora
Que eu só queria tua compaixão?
Caminhas a passos tão rápidos
Ao teu lado uma criança como eu
Nem vês nos meus olhos molhados
As lágrimas de um silencioso adeus
Sinto frio, vem logo me aquecer
Sou órfão de mãe e órfão da vida
Queria ao menos poder esquecer
Que é chegada à hora da partida
Sinto frio também em minha alma
Estou sozinho sem abrigo e carinho
Meu frágil corpo busca a calma
Como uma ave busca seu ninho
Sinto frio bem dentro do meu coração
Sou mais um dos excluídos da vida
Segura ao menos de leve a minha mão
Para que eu possa sorrir na despedida
Sinto frio, não desapareça agora não
Quero somente um pouco de atenção
Se não puder segurar a minha mão
Lance-me apenas um olhar de compaixão
Sinto frio, que pena já não estais aqui
Como muitos, tu desapareceste na rua
Sem perceber que naquele banco ali
Havia uma criança que poderia ser tua
Ao findar da noite tudo se encerra
A neblina me cobre com seu véu
Já não sinto mais o frio desta terra
Pois Jesus já me aquece aqui no céu